Carta ao que passou
Eu precisava voar, precisa existir fora de mim (que era onde habitavas)
Eu precisava sentir algo que não era eu (ou o tu que havia em mim)
Preferi o perigo, o risco, o incerto, o medo, o partir
Ter alguém que me completava já não me preenchia
Esse foi o erro. Gaiola de ouro e eu querendo voar.
Queria o novo, a estranheza de mim, o alter e diferente
Algo que me desse trabalho, que me fizesse pensar,
Que me tirasse do lugar de costume, que me movimentasse
E claro... talvez você não me entenda
Talvez ninguém me entenda (ou aceite a coragem insana projetada)
Mas eu precisava descobrir a vida, aquela das outras possibilidades
De fato, eu desejava voar!
Não que não tenha doído. Ao contrário, eu quase morri.
Foi um rasgão na alma, mas eu desejava partir.
Tive medo da despedida, medo do amanhã,
Pensei nas escolhas, nas verdades, nos enganos
Quis chorar, mas os olhos já estavam secos das noites anteriores a essa
Talvez a fonte do remorso ou arrependimento já haviam secado
Eu não cabia mais em mim.
E rompendo as couraças... parti!
Eu, de fato, só queria voar!