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Devir


Cada dia morremos um pouco. São células do nosso corpo, horas e momentos que se vão. Em todo o sistema é assim. Em tudo que vemos e compreendemos, em tudo que não conseguimos alcançar. Pelo menos penso que seja assim, também não consigo saber ao certo. Aliás, a incerteza é uma grande verdade, talvez a única que tenhamos, de fato.

E é curioso como a incerteza e a morte andam juntas, se intercruzam, constituindo nossos dias e as “fidúcias” que temos. Porque todos os dias, indistintamente, temos expectativas, criamos uma agenda, programamos o que faremos até o seu fim. E de modo semelhante preparamos a semana, o mês e até o ano. E nesse movimento, quando menos percebemos, estamos planejando uma vida inteira, sem nos darmos conta das sombras da morte e da incerteza que estão inerentes em cada um desses atos, pensamentos, planejamentos, sonhos, construções.

Sim! Não costumamos nos dar conta desses fenômenos porque eles simplesmente estão ali, são assim, e, talvez, como um mecanismo de proteção não costumamos parar para raciocinar, nem muito menos para sentir, algo a respeito. Mas o fato é que, diariamente, para aquela hora esperada do dia chegar, aquele momento que foi construído, que foi até meticulosamente elaborado ou que apenas se quis que ele chegasse logo, foram necessárias que todas as horas anteriores a esse momento tivessem passado, deixado de existir, morrido, simplesmente. Assim, para que a semana se complete, todos os dias dela deverá se findar. E para que o famoso final de semana chegue, quanto teremos perdido!?

Atrelado a isso ainda nos sondam as incertezas. Porque não temos garantia alguma que tudo será como o programado. Que chegaremos em tempo, que estarão lá nos aguardando, que as horas passarão como desejamos, nem ao menos que as pessoas, lugares e momentos serão da forma que idealizamos, que registramos e aguardamos como reais e existentes para nós. E ainda que tudo – dia, semana, mês e ano – aconteça como planejamos, jamais teremos a certeza de que o resultado ou consequência será atingida com as certezas que tínhamos, nem se seremos os mesmos que erámos no momento que o desejamos.

É... cada dia morremos um pouco (às vezes muito)!

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